segunda-feira, 11 de abril de 2011

As ampolas foram etiquetadas e levadas para a rodoviária da cidade, a serem oferecidas como "Lembranças de Belo Horizonte", um tipo de frase muito explorado nas cidades turísticas brasileiras, para vender souvenirs. A placa “Lembranças de BH/Gifts from BH”, associada à oferta verbal do vendedor anunciava o produto para os viajores.

Confundido como um ambulante qualquer, muitas pessoas desviavam, impávidas. Outras observavam, tentavam ver as fotos, de soslaio, para não serem paradas pelo vendedor. Das que pararam, indagaram sobre a validade daquela ação. Um homem a qualificou como malandragem: "isso não é nada, só ar"! Mas foi advertido. "Só ar? Fique um minuto apenas sem ar".

Outras pessoas chegaram a procurar estabelecer relações de valores. Outras questionaram. Não queriam ar de uma cidade tão grande e poluída como a capital. Ainda provocaram: "vou repetir isso em BH, mas com o ar da minha própria cidade, menor e com ar mais puro". No entanto, com segurança, o vendedor chamou a atenção do cidadão: "você esqueceu da questão poética, camarada". Aquele ar que ele oferecia não era qualquer ar. Era o ar de uma cidade com o horizonte bonito por natureza. Conhecida em todo o país por seu belo horizonte. “Ar de Belo Horizonte”, concluindo, não se trata de pureza. São outras as qualidades do ar que nos interessam, uma questão de buniteza, uma combinação poética. Talvez nostágica.


ENGLISH

The ampoules were labeled - "Air from Belo Horizonte" - and taken to the city's bus station, to be offered as" Souvenirs from Belo Horizonte ", an action much exploited in the Brazilian touristic cities, especially on T-shirts reading "Souvenir from ... (Name of town)”.
I assembled a table and put the bottles on it. Armed with photos of the process and a large sign reading "Souvenirs from BH", offered air from Belo Horizonte to the passersby.
Mistaken as a street salesman, many people just diverted me. Others looked on, trying to see the photos. Some of those who stopped questioned the validity of that action. Some described it as "trickery": "it´s nothing, just air"! I corrected the "client": "my friend, 'just air'? I think you can't live one minute without air".
Others claimed that they did not want the air from a large and polluted city such as the capital. They suggested that they would repeat this in BH, but with the air from their own city, smaller and with purer air. Nevertheless, I called attention to the matter of poetry: 'you forgot the poetic matter, my friend. This air was not just any air. It was the air from a city well known for its beautiful horizon". "Air of Belo Horizonte" is not just about purity of air, but another qualities of air. It's a beauty issue. A poetic combination.

Nenhum comentário:

Postar um comentário